sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Derrota com sinais positivos

Uma análise mais profunda aos jogos só vai começar com Vercauteren no banco, mas é impossível andar já por aqui e não abordar alguns pontos do jogo de hoje na Bélgica. O sinal mais positivo que salta à vista é claro: é impossível não melhorar. A Taça de Portugal já fugiu, a Liga Europa ainda é uma realidade mas poucos acreditarão ser 100% possível e o cenário do campeonato é negro apesar de tudo ser possível, salientando especialmente que o terceiro lugar é uma realidade que não deve ser ignorada.

E em campo? Franky Vercauteren há-de ter tirado conclusões claras. Dois golos sofridos de canto, a adicionar mais um no jogo de Moreira de Cónegos. É um excelente sinal começar por perceber o que está mal e, neste caso, a níveis defensivos, as bolas paradas são uma lacuna óbvia. Felizmente (sim, felizmente) são fáceis de corrigir. Não estamos a sofrer golos por perdermos duelos aéreos, mesmo que não os ganhemos com a frequência desejada. Mais do que isso, é uma questão de posicionamento. Pablo marcou na Taça de Portugal porque não havia um único jogador à entrada da área (e não foi uma situação pontual, manteve-se durante o jogo). Hoje, com o Genk, Oceano pareceu ter corrigido essa nuance, mas continuou a pecar em outras. No primeiro golo, Rojo perde no ar, mas é Cédric que fica plantado na pequena área. No segundo golo, o posicionamento da defesa à zona está demasiado próximo do primeiro poste.
Porquê? Vejamos com a imagem...


O que salta à vista? Não há jogadores no poste e tirando o primeiro obstáculo, toda a defesa à zona está entre o primeiro e o segundo poste. Mais do que não haver jogadores nos postes, é este posicionamento demasiado centralizado (jogadores deviam deslocar-se em bloco para a zona do primeiro poste) que permite que a bola entre a uma altura relativamente baixa numa zona demasiado "quente" e que permita que um desvio de cabeça seja praticamente sinónimo de golo.

Se eu fosse Vercauteren, estaria satisfeito. Corrigir posicionamentos nos esquemas tácticos é uma tarefa simples e fácil de assimilar. Por que não foi feito até aqui? Muito provavelmente, Sá Pinto não se preocupava com isso e Oceano, sabendo que estava a prazo, optou por outras prioridades. E, claro, não havendo um núcleo claro que se mantenha no onze, torna-se difícil que os jogadores acabem por criar rotinas próprias.

A segunda grande dificuldade relaciona-se com a transição defensiva. Até agora, o Sporting já sofreu 16 golos na temporada: dois de penálti (Estoril e FC Porto), um de livre directo (Marítimo), quatro de canto (Videoton, Moreirense e Genk-2) e seis em ataques rápidos (Horsens, Rio Ave, Gil Vicente, Estoril e Moreirense-2). Quantos sobram? Três: ataque continuado de Videoton e FC Porto e um que se torna difícil de catalogar, graças ao erro de Boulahrouz na Hungria. E é por isto que Vercauteren estará satisfeito. Mesmo que ainda não saiba, vai acabar por ver os jogos e perceber que a grande lacuna desta equipa é trabalho de laboratório. Que é possível começar por aí e reconstruir a equipa a partir do plano defensivo.

E é isto que me deixa optimista também. Com profissionalismo, rigor e atenção aos pormenores, as desconcentrações vão deixar de existir e os golos marcados vão começar a fazer a diferença.

Eu acredito!

2 comentários:

  1. Só o pormenor dos golos sofridos de bola parada, cantos e devido a desatenções dos defesas é meio caminho andado para focar atenções nesses facto e preparar jogadores que não se dêem a luxos desses que tão prejudiciais nos têm sido.

    Aliás, quando da expulsão do Boulahrouz e da entrada do Xandão arrepiei-me logo pois estavam criadas as condiões para perdermos o jogo. Não confio no Xandão nem um bocadinho. Só tem altura.

    Obrigada por me linkares neste espaço maravilhoso e informo que também já estás linkado no Leoa.

    Rugidos de verde-esperança

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  2. Concordo com essa visão das questões de posicionamento, tendo em conta especialmente o factor desconcentração. Por vezes parece que os jogadores estão mais preocupados em pensar que não são capazes de se concentrar (e a esforçar-se para se concentrar) do que realmente concentrados no jogo.

    A par deste trabalho de laboratório e posicionamento que referes, tem de haver lugar à recuperação da capacidade de concentração dos jogadores: fazer, mais do que pensar em fazer.

    Confio que Vercauteren tenha visto o que tem de mudar e que o faça de uma forma simples e com resultados.

    http://almasportinguista1906.blogspot.com

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